Os desenhos da Disney ensinam: há um único amor de nossas vidas. Esse amor perfeito de gente perfeita e linda, que nasce em bailes suntuosos e arrebata para a eternidade.
Os seriados modernos já tentam ser mais realistas. Existe um que todo mundo adora – não vou colocar o nome pra vocês não brigarem comigo – em que o rapaz passou anos apaixonado por uma e depois se casou com outra.
Então as pessoas passaram a usar essa máxima: “Existe o ‘amor da sua vida’ e o ‘amor para sua vida’…”
Ao que parece, o “amor da vida” é aquele amor arrebatador e eterno, que não esmorece nem por um segundo. Um amor perfeito.
E o “amor para a vida” é o amor conformado, é com quem a pessoa decide ficar e se aconchegar. Porque o grande amor, aquele mais importante, era impossível.
As pessoas acham isso lindo. Eu acho deprimente.
Medir os amores assim é injusto com eles. Injusto com a gente. E não estou com isso invalidando a sua experiência individual de ter um amor eterno guardado no coração. Estou dizendo que existem outras possibilidades de amor.
Que infelizmente não estão presentes nem nos contos de fadas nem na maioria dos seriados que se pretendem modernos e inovadores…
A pessoa que você pensou ser o “amor da sua vida” pode se tornar o seu maior algoz.
O “amor para a vida” por se tornar um amigo. Ou uma grande e arrebatadora paixão.
E, entre esses e além desses, muitos amores são possíveis.
Amores com muito sex0. Amores que são amizades. Amores que trocam segredos. Amores compartilhados com outros amores.
Em um seriado de que gosto – esse eu vou falar o nome -, The Good Place, um dos personagens diz: “Se existem almas gêmeas, elas não são encontradas. Elas são feitas”.
Fazer requer construção. Movimento. Interesse em fazer o amor acontecer.
Isso não se dá uma única vez na vida e nem precisa ser assim.
A pessoa que você amava e que foi embora não é o único amor possível.
Prefiro dizer que nossas almas são infinitogêmeas. E que em alguns momentos dará a liga do amor, da paixão, do desejo.
Celebremos, pois. As pequenas magias diárias.