Produzir sentidos: um jeito de ser o que se é

É possível – e comum – nos dias atuais que sejamos tomados por um vazio de sentido. Ansiosos ou deprimidos, tomados pelo medo da perda de um emprego ou de alguém amado, sufocados por questões de trabalho ou financeiras, dominados por um tempo que não nos permite respiros ou mergulhados no nada do tempo sem desejo, perguntamo-nos: o que pode produzir sentido em nossas vidas? Talvez a resposta para isso esteja sempre em construção: ela está exatamente onde se para o pensamento e se dá início à ação – mesmo que a ação seja a produção de novos pensamentos, como quando começamos um curso diferentes ou produzimos um artigo.

Produzir sentidos é dar pequenos passos rumo ao que se é. Por isso, frequentemente vejo como é bonito quando alguém que há muito tempo não conseguia sair de casa acaba por marcar um café com uma amiga. Parece algo simples, mas é ação. Ação poderosa rumo ao que se é. Essa pessoa restabelece laços, mais do que com a amiga: ela os recria consigo mesma. Da mesma forma, iniciar uma dança, uma caminhada, um bailar rumo ao trabalho de outra forma: tudo isso pode produzir novos sentidos no trajeto. Escrever um poema, ouvir uma música, tocar um instrumento. Vestir-se de modo diferente – mesmo que sutil – e admirar-se no espelho. Continue lendo

Da ânsia de viver e da ansiedade dos dias

O coração acelera. Você sente um leve tremor. Vem um frio na barriga. O novo se aproxima. Instigante, incerto, misterioso. Medo e desejo se misturam. Tudo aperta. A vida aperta. E solta. A ânsia de viver provoca o corpo e atiça a mente. Tudo o que é novo produz movimento. E, por vezes, um pouco de dor. Um pouco de balanço. Um pouco de anseio. Um pouco de amor.

Imaginemos agora um outro cenário.

O coração acelera. Você treme. O corpo treme. As pernas, as mãos, por dentro e por fora. A vontade é de parar para sempre. Ou de sair correndo. Vem um frio na barriga. Uma secura na boca. O novo se aproxima. Ou o antigo parece se repetir: você sente que é a mesma dor de antes. Ou não sabe ao certo o que está por vir. Você apenas percebe seus pensamentos acelerados. Perturbados. A antecipação de uma tragédia. Sabe-se lá qual. Nem sempre se sabe do que é que se tem tanto medo. Instala-se a ansiedade. Continue lendo