O mito da mãe perfeita

Você provavelmente a conhece. Você talvez tenha algo dela. Essa cuidadora incansável, admirada pela generosidade sem fim e pela capacidade de resolver todos os problemas que aparecem. Ela mantém a casa limpa, organiza as despesas do lar e cuida das crianças, dos idosos e dos doentes da família. Oferece o ombro, os braços, a alma. E, de quebra, é inteligente e trabalha várias horas por dia. Busca crescimento profissional. E precisa ser bela. Cuida da alimentação – dela e dos outros – com um carinho incontestável. É exigido também que se exercite, não pelo prazer, mas pela forma. Raramente tem tempo para alegrias deliciosas e inúteis. E toda essa abnegação é continuamente elogiada por aqueles que a rodeiam. Chamam-na super mulher. Dizem que sem ela seria impossível viver. Prestam-lhe singelas homenagens no dia das mães e no dia da mulher. Compram-lhe flores, escrevem-lhe cartões e aguardam o almoço de domingo – feito por ela. Enaltecem-na. Como se fosse uma deusa. Como se fosse uma santa. Como se não fosse humana. E nem percebem – ou será que percebem? – que ela está encarcerada. Pela perfeição que lhe é atribuída a todo instante.

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