A si mesmo.
Ouço em meus atendimentos uma queixa muito comum: a dificuldade de dizer não. A amiga vem pedir uma ajuda e, no momento, a pessoa não se encontra disposta: o não está agarrado na garganta mas a pessoa diz sim. E diz sim suprimindo o próprio desejo de, quem sabe, apenas descansar. A mãe exige presença em uma festa da família: porque, afinal, é uma festa da família. A pessoa diz sim. E se sente sufocada como se as horas na festa fossem maiores do que as horas comuns dos dias. O filho mais uma vez arruma aquele problema financeiro – ah, o mesmo de sempre – e a mãe desiste da própria viagem para suprir a demanda do não mais pequeno bebê. E a situação vai ficando pior. As pessoas exigem carona. Presença, conselho. Cabeça erguida quando você está está triste. Elas exigem, não pedem. Exigem que você ame como elas querem. Que você não se separe. Que você não ame alguém do mesmo sexo. Que você, sendo mãe, não saia para amar ou dançar. As pessoas exigem. Em nome de si mesmas, da sociedade, da religião. E não aceitam um “não”. Ficam magoadas, feridas, queixosas. Ficam desesperadas. Você de repente se torna um poço infindável de sim e sim e sim. E, enquanto isso, sua mente e seu corpo começam a não suportar mais. Continue lendo