Sobre o mês amarelo: prevenção ao suicídio

A você que pensa em partir, peço que respire. Mais uns segundos. Não é que a vida seja sempre seja bela. Também não são sempre doces os sonhos. Pensar em partir, sumir e morrer é algo possível a todos nós em algumas circunstâncias da existência: é humano. Toda a vida pulsa e às vezes pulsa em dor. Por isso é preciso que, diante desses pensamentos e sentimentos sobre morte, saibamos como pedir ajuda: como dizer em voz alta essa sensação que é tão humana como tantas outras sensações.

Por isso eu peço que respire. Fundo. Aqui comigo. 1, 2, 3. Pra dar tempo de conversar com o pensamento. Pra dar tempo de pensar um outro pensamento. Pegar o telefone e pedir ajuda. Abrir o seu caderno e rascunhar o abismo. Ontem era primavera. Houve um instante, não houve? Sempre há. Da sua beleza, da sua alegria, a sua abundância. Você em carne, sangu e talvez espírito. Não sei. Depende daquilo em que você acredita. Mas sabedoria, sim. Carne, osso e sabedoria. Eu sei, eu sei, a sabedoria pode machucar. Às vezes. Outras vezes é um alívio. Saber que amanhã pode ser diferente. Que existe a música. Que a comida tem aquele sabor especial: tempero verde. Chocolate. 

Respire. Fique aqui comigo. Em carne, osso e sabedoria. Saiba que o que você pensa, muitos também pensam. Outros podem vir a pensar. A morte, como a vida, é pensável. Não há pecado nisso. Não há fraqueza nisso. Nem mesmo há desistência. Se você pensar, diga. Em voz alta. Dê um sentido ao que é pensado. Se estiver pensando agora, respire mais uma vez.

Carne, osso, sabedoria. Vida, riso, choro, medo e saudade. Pegue o telefone. Ligue para o CVV: 188. Converse. Peça ajuda a um amigo ou familiar. Busque um psicólogo. Busque um psiquiatra. Respire mais uma vez. Comigo. 1, 2, 3. A morte, como a vida, é pensável. Vamos falar sobre ela? Vamos falar sobre a vida? Fale. Grite. Urre. Escreva. O mês tem a cor do sol. E eu espero que você amanheça bem. Pelo seu direito à vida. Porque você importa.

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